sábado, 23 de janeiro de 2010

Slings são a nova tendência entre as ‘mães canguru’.

SEXTA-FEIRA, 15 DE AGOSTO DE 2008.
SLING - Reportagem G1 - São Paulo - Globo

Slings são a nova tendência entre as ‘mães canguru’.

Espécie de carregador de bebê feito de pano dá mobilidade a mães com crianças de colo. Acessório custa, em média, R$ 70 e pode ser usado com crianças de até 3 anos. As mamães que têm crianças de colo estão redescobrindo uma forma primitiva de carregar os seus pimpolhos. São os slings, uma espécie de carregadores de bebês artesanais muito utilizados por mães africanas e que estão se tornando cada vez mais comuns pelas ruas de São Paulo. Mas o acessório não está caindo no gosto da mulherada porque é o mais novo ícone fashion. O sling é útil por garantir à mãe a liberdade de ter o filho por perto, ou melhor, colado ao corpo, sem perder a mobilidade.
A professora Lígia de Sica, de 27 anos, começou a usar o sling no dia seguinte ao nascimento da sua filha Helena, de 3 meses. “Em vez de ficar parada enquanto ela está mamando, por exemplo, eu consigo fazer outras coisas, como comer ou usar o computador”, descreve Lígia, que comprou outro sling de tamanho maior para ser usado pelo marido. Foi graças ao acessório que a advogada Ana Lucia Keunecke, de 34 anos, conseguiu voltar ao trabalho dias depois que a filha Sofia, de 2 anos, nasceu. “Eu não tinha escolha, precisava voltar a trabalhar. Com 15 dias de nascida, eu já fui a uma audiência com ela no sling. Foi muito tranqüilo porque ela ficava quietinha, aconchegada. Só parei de levar para as audiências quando ela começou a falar e a interagir”, relembra.
O medo de machucar o bebê é a maior preocupação das mães que estão começando a usar o acessório. No entanto, as mais experientes costumam orientar as de primeira viagem a observar o bebê e seguir o próprio instinto. “Se ele está quietinho e feliz, é porque está bem”, resume Lígia. O sling pode custar, em média, R$ 70 e pode ser usado com crianças de até 3 anos, época em que elas começam a ficar mais pesadinhas. Os mais populares são confeccionados em algodão, vêm em diferentes tamanhos e podem ser ajustados com argolas ou velcro. O único inconveniente, relatam as mães, são as dores nos ombros, que podem ser aliviadas trocando o lado da alça e mantendo a coluna sempre alinhada.
* Um bom negócio
A arquiteta Analy Uriarte, mãe de três, conheceu o sling na primeira gestação graças à cunhada norte-americana, que lhe apresentou a novidade. Ao se mostrar interessada pelo acessório, Analy ganhou um de presente. Logo, viu que poderia espalhar a novidade entre as amigas. Para começar a vender o produto foi questão de tempo, e hoje, contabiliza ela, cerca de 200 mães aderem ao seu sling por mês.
Analy entrou no negócio por acreditar que lugar de bebê é no colo da mãe. “Tem a ver com o instinto materno de querer aconchegar o filho perto, de ficar confortável durante a amamentação”, argumenta a arquiteta. As mães se sentem tão à vontade que até já montaram um clube da Luluzinha em que levam os seus respectivos bebê. Elas se encontram uma vez por mês no cinema. O encontro tem hora marcada e a sessão é especial: o som do filme é mais baixo e o ar condicionado é moderado.
* Opinião de médico
O neonatologista Carlos Eduardo Correa é um dos defensores do sling e costuma apresentar o acessório a todas as pacientes. O médico conta que sempre teve interesse nas formas que os diferentes povos têm para carregar as crianças, sobretudo os bebês. A principal vantagem do acessório acredita o médico, é trazer a mulher de volta à ativa.
“A falta de mobilidade enquanto amamenta é uma das principais causas do desmame, e o sling devolve essa liberdade. Muitas pacientes já aprendem a dar de mamar usando o sling”, diz. Correa ainda ressalta a aproximação entre mãe e filho que o acessório proporciona, principalmente nos primeiros dias de vida. “O bebê fica em contato direto com a mãe e não esquecido no carrinho. Não existe mimar criança com menos de 6 meses, não tem isso de ela ficar mal acostumada”, defende.
O neonatologista concorda que o uso do sling ainda é restrito a mães com poder aquisitivo mais alto. A advogada Ana Lúcia defende o uso do acessório como uma questão de saúde pública. “Uma mulher que tem um filho recém-nascido e precisa voltar ao trabalho logo não consegue conciliar as duas coisas. Se o sling fosse para todas, ele favoreceria o vínculo e a amamentação, e a mulher ainda conseguiria trabalhar”, defende.
Fonte: G1 - São Paulo

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